quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Recomendações nutricionais para Adolescentes



Descrita como o período de transição entre a infância e a vida adulta, a adolescência caracteriza-se por um período de intensas transformações físicas, psíquicas e sociais. 
Cronologicamente, a adolescência corresponde ao período de 10 a 19 anos, sendo dividido em duas fases: fase 1 de 10 a 14 anos, e fase 2 de 15 a 19 anos. A faixa etária entre 10 a 14 anos inclui o início das mudanças puberais, e o término da fase de crescimento e desenvolvimento ocorre no período de 15 a 19 anos. Esta fase caracteriza-se por um período de elevada demanda nutricional e por esse motivo, a nutrição desempenha papel fundamental no desenvolvimento do adolescente. 
As modificações que ocorrem na composição corporal de adolescentes sofrem influências genéticas, ambientais, nutricionais, hormonais, sociais, culturais, e estão relacionadas com o aumento da massa corporal e desenvolvimento físico, compreendendo também a maturação dos órgãos e sistemas para a aquisição de capacidades novas e específicas. 
A nutrição está envolvida diretamente com essas modificações, principalmente com relação às recomendações nutricionais e aos padrões alimentares adotados por esta população. As necessidades energéticas aumentam com o rápido crescimento, com a maior proporção de massa corporal magra, com a menor proporção de gordura no organismo, com o aumento da atividade física, com o desenvolvimento muscular e com a maturação esquelética. 

Neste período da vida, vários fatores podem influenciar nas escolhas e hábitos alimentares, tais como:
  • valores socioculturais; 
  • imagem corporal; 
  • convivências sociais; 
  • situação financeira familiar; 
  • alimentos consumidos fora de casa; 
  • aumento do consumo de alimentos industrializados; 
  • influência exercida pela mídia e; 
  • disponibilidade de alimentos. 

A família é a primeira instituição que tem ação sobre os hábitos do indivíduo. É responsável pela compra e preparo dos alimentos em casa, transmitindo seus hábitos alimentares às crianças.
Os adolescentes tendem a viver o momento atual, não dando importância às conseqüências de seus hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais.
Eles passam, gradativamente, maior tempo fora de casa, na escola e com os amigos, que também influenciam na escolha dos alimentos e estabelecem o que é socialmente aceito.
O comportamento alimentar do adolescente vincula-se fortemente aos padrões manifestados pelo grupo etário ao qual pertence, pela omissão de refeições, pelo consumo de alimentos de elevado conteúdo energético e pobre em nutrientes, pela ingestão precoce de bebidas alcoólicas e pelas tendências a restrições dietéticas. Esses comportamentos fazem parte do estilo de vida dos adolescentes, e podem contribuir para as alterações no estado nutricional.
As práticas alimentares inadequadas e o aumento do sedentarismo entre adolescentes estão relacionados ao incremento da prevalência de obesidade, que acompanha o processo de transição nutricional, constatado nas sociedades modernas de diversos países, inclusive no Brasil.
A ocorrência da obesidade na infância e adolescência é preocupante, devido à gravidade da manutenção dessa doença na vida adulta.
O estado nutricional exerce influência no desenvolvimento e crescimento dos adolescentes, o que torna importante uma avaliação nutricional mediante procedimentos e diagnósticos que possibilitem identificar a magnitude, o comportamento e os determinantes dos agravos nutricionais, bem como identificar os grupos de risco.
A avaliação precisa do consumo alimentar e estado nutricional de adolescentes desperta grande preocupação, pois a formação de hábitos alimentares inadequados pode ocasionar desequilíbrios nutricionais desfavoráveis ao bom funcionamento do organismo.
Recomendações Nutricionais
 
O estado nutricional na adolescência merece atenção por ser um período decisivo para a qualidade de vida na maioridade. Nessa fase de crescimento acelerado é importante um consumo energético adequado e atenção especial aos nutrientes que estão mais associados à construção dos tecidos corpóreos: proteínas, ferro, cálcio e vitaminas A e C.
Trata-se de um grupo vulnerável em decorrência da alta demanda de nutrientes, conseqüência do rápido crescimento e desenvolvimento.

Calorias 

A partir dos 10 anos, existem variações significativas entre os dois sexos, sendo que os indivíduos do sexo masculino ingerem, a cada idade, quantidades maiores de alimentos que fornecem maior quantidade de calorias do que os indivíduos do sexo feminino, devido às diferenças na idade de início da puberdade e aos padrões das atividades desenvolvidas.
As recomendações para esse grupo permitem grande variação, nas quais as quantidades de energia podem ser ajustadas individualmente, de acordo com o peso corporal e com a atividade física.

Proteínas

A necessidade é determinada de acordo com a quantidade necessária para a manutenção das funções normais do organismo e para a formação de novos tecidos que permitem o crescimento adequado. A ingestão insuficiente de proteína é identificada em adolescentes com condições socioeconômicas desfavoráveis ou naqueles que apresentam distúrbios comportamentais, como a anorexia.
As quantidades de proteína podem ser estimadas:utilizando-se a distribuição de 10% a 15% em relação ao valor energético total (VET) ou segundo as DRIs.

Cálcio

O crescimento do esqueleto necessita de um balanço de cálcio positivo até o pico de massa óssea ser alcançado. A mineralização óssea continua por alguns anos após o crescimento longitudinal ter cessado. O pico de massa óssea total está relacionado com o consumo de cálcio durante o período de mineralização óssea.
As últimas recomendações oficiais classificadas como AI (ingestão adequada) estimam um consumo de 1300 mg/dia de cálcio, para adolescentes de ambos os sexos.

Ferro

Para crianças e adolescentes o ferro é necessário não somente para manter as concentrações de hemoglobina, mas também para aumentar a quantidade total de ferro corporal durante o período de crescimento. O consumo dietético e a absorção do ferro devem ser suficientes para compensar as perdas normais (fezes, urina e menstrual nas meninas), além de prover o crescimento dos tecidos.

Vitamina A

Esta vitamina é importante para a visão, o crescimento, a diferenciação e proliferação celular, a reprodução e a integridade do sistema imune. A deficiência de vitamina A limita a utilização de ferro armazenado no fígado, diminuindo a utilização deste para a formação da hemoglobina.

Vitamina C

A vitamina C participa na formação do colágeno, interferindo na cicatrização, na formação dos dentes e na integridade dos capilares. Outro fator importante é que há aumento de absorção de ferro não-heme na presença de ácido ascórbico.

Orientações Dietéticas

Os hábitos alimentares dos adolescentes assemelham-se aos dos adultos e refletem o modelo imposto pela “vida moderna”, caracterizando-se por omissão de refeições, principalmente o desjejum, realização de refeições fora de casa, geralmente lanches e doces, e pela utilização freqüente de alimentos do tipo fast food e das dietas da moda.
Geralmente, os adolescentes possuem as informações sobre alimentação saudável; porém por diversos motivos, apresentam dificuldades em adotarem tais informações como prática diária.
O aconselhamento nutricional na adolescência não é uma tarefa fácil, tendo em vista que as mudanças biopsicossociais interferem no comportamento alimentar dos jovens. Antes da intervenção, recomenda-se uma análise global de sua alimentação e não somente analisar a presença ou a ausência de determinados tipos de alimentos, considerados saudáveis ou prejudiciais. O enfoque deve ser diferenciado entre os sexos (meninas e meninos têm interesses diferentes quanto a saúde e imagem corporal) e direcionado para melhorar a adequação dos hábitos alimentares presentes, mais do que sugerir mudanças radicais.

A educação alimentar dos adolescentes deve levar à conscientização da importância da alimentação saudável e oferecer alternativas apropriadas à idade, considerando alguns aspectos particulares desta fase:
  • a prática alimentar do adolescente pode expressar contestação à família ou à sociedade; 
  • o adolescente pode começar ou deixar de comer determinados alimentos com a mesma facilidade e sem motivo aparente; 
  • a motivação para o consumo ou a rejeição de determinados alimentos pode ser resultado de vivências psicossociais positivas ou negativas. 

Entre as principais orientações que devem ser fornecidas aos adolescentes incluem-se a promoção de um estilo de vida ativo e o estímulo à adoção de práticas alimentares saudáveis, promovendo maior consumo de frutas e hortaliças, restringindo a ingestão de alimentos de alta densidade energética ou pobres em nutrientes, e fornecendo as informações necessárias para que os próprios adolescentes sejam capazes de realizar escolhas alimentares saudáveis.

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